Fatos novos sobre a velha relação
Nosso hábito nos condena. Olhamos mais para as pessoas do que para as relações que elas estabelecem. Na política não é diferente. Há o mesmo ato ilícito cometido por muitos homens públicos. Logo, o ambiente denuncia a intenção e as relações.
Basta abrir um jornal impresso, on-line ou ficar atentas as
notícias no rádio ou TV e nos deparamos com o que somos. Sempre manchetes com
fatos novos nos dizendo a mesma coisa. Quantos percebem?
Hoje tem manchetes, por exemplo, falando do ex-prefeito de
Paranaguá José Bakar Filho e empresários envolvidos em direcionamento de
concessão do transporte coletivo. A relação entre empresas e o poder público é
antiga. A operação Lava-Jato também fala sobre isso. No transporte coletivo há
uma investigação nacional tentando levantar a ramificação de ilegalidades. Até
o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes foi padrinho de um dos
envolvidos em falcatruas como essa.
Em outra, falando de vereadores de Curitiba envolvidos em
ato ilícito. Ficar com salário de assessores. Esta é prática também comum.
Quantos parlamentares, municipais, estaduais ou federais fazem isso. Aumentam
seu rendimento nomeando assessores fantasmas e abocanhando parte do salário.
Fazer dinheiro na política usando meios ilícitos como nomeações.
Neste caso, os vereadores investigados são Rogério Campos
(PSC), Geovane Fernandes (PTB). Antes, já tinha ocorrido um caso semelhante na
câmara municipal da capital com os parlamentares Thiago Ferro (PSDB) e Katia
Ditrich (SD). No mesmo lugar, o mesmo ato ilícito envolve todos os partidos. O
mais engraçado entre eles são políticos que levam em sua sigla o termo “Cristão”.
É o caso de Rogério Campos, do Partido Social Cristão. Nem todo o fiel é homem
de fé.
A corrupção é uma prática que alimenta os corruptos. Eles são sua intenções e relações. Clique aqui para ouvir o comentário.
Indo um pouco mais para cima, Rodrigo Janot, em seus últimos
dias na Procuradoria Geral da República (PGR) deve apresentar uma segunda
denúncia contra o presidente Michel Temer. Muitos consideram inclusive que o
presidente não deve escapar de mais uma votação na Câmara de Deputados para
autorizar seu julgamento pelo STF. O dinheiro acabou e nem o que prometeu pagar
aos deputados que votaram ao seu favor na última votação na Câmara de Deputados
cumpriu.
Não se pode negar que as notícias nos jornais são quase sempre
de atos ilícitos de homens públicos. A política é podre? Não. Os políticos são
podres? Sim. Porém, a relação putrificada é que dá sentido, espaço e forma o mau
caráter. A lógica é antiga.
Devemos, em vez de destacar nas notícias os personagens,
como se fossem seres do mal, entender que a maldade é o sentido que envolve
muitos. A lógica do que sustenta o poder é comum em todos os níveis. A
inteligência de um cidadão que deseja mudar ou ter mais critério na escolha de
um representante público, não é se preocupar com o nome do envolvido e sim com
as relações que os envolve. Combater as práticas independentes das pessoas.
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